sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Incluir todas as escolas na prática

Inclusão é um dos temas mais discutidos pela sociedade contemporânea. Todos concordam que, em plena era digital, da globalização, século 21, é inadmissível que ainda existam crianças fora da escola. E é justamente esse o X da questão.

As escolas estão abrindo as portas para as crianças, mas não estão preparadas para garantir sua permanência e a qualidade do ensino. Garantir escola para todos não garante ensino de qualidade. Isso porque no Brasil os políticos criam as leis, mas são os próprios que também criam subsídios para não cumpri-las.

As escolas e pré-escolas estão vivendo um "preconceito a brasileira", termo que aparece no livro "Tambores de São Luís" e fala do preconceito disfarçado em que vivemos.

Você pode dizer: Não falo de uma pessoa gorda! Mas se passa uma mulher ou homem bem acima do peso, os olhares falarão mais alto que os cochichos. E quando o IBGE pergunta a cor de um recenseado e ele responde pardo, mesmo sendo negro?

As escolas de Chapadinha não estão preparadas para a Inclusão e ponto. Em determinados clubes de festa ou restaurantes há banheiros, rampas, para garantir o acesso de "todos" ao evento. Até os ônibus são adaptados, mas a estrutura física das escolas de Chapadinha em nada lembram um ambiente de Inclusão social. Mesmo com o "jogo de cintura" do professor, essa dicotomia pode ser gritante.

Sem as condições mínimas necessárias, a função do Professor pode se tornar ainda mais árdua e o jovem, mesmo estando inserido, pode se sentir ainda mais excluído. Como um cadeirante ou pessoa que tenha alguma dificuldade de locomoção é recebido nas escolas públicas de Chapadinha? No trato humano, bem, mas e no restante? Como o professor o levará ao banheiro sem que isso lhe cause constrangimentos?

Ser portador de necessidades especiais não significa que alguém terá que fazer tudo para ele ou por ele e nem é isso o que eles querem. Para Bustelo a "exclusão é como a relação entre o todo e a parte na qual uma parte não toma parte". Como forma de viabilização são necessárias, a garantia de qualidade na infraestrutura, na formação continuada dos profissionais da educação, profissionais especializados com a corresponsabilidade da família. É urgente instituir políticas efetivas para solucionar esses problemas.

Sabemos do bom trabalho realizado pelos profissionais que atuam em entidades como o CAPS e a APAE de Chapadinha, mas juntar várias pessoas que necessitam de uma atenção especial, em um mesmo espaço físico, não é inclusão.

A Conferência Nacional de Educação (CONAE) 2010 apresenta metas e ações para a Política Nacional de Educação, perspectiva da inclusão, igualdade e diversidade. E isso tudo é a democratização da educação.

Vale lembrar:

DEMOCRACIA: Forma de governo na qual o poder emana do povo e em nome dele é constituído; soberania popular; igualdade.

Mantoan: "Há que assegurar não apenas o acesso, mas a permanência e o prosseguimento do estudo desses alunos e não retirar do Estado, por nenhum motivo, essa obrigação, exigindo, postulando o cumprimento das leis, para atender as necessidades educacionais de todos"

E, para quem ainda duvida da importância da prepararação dos espaço físico da escola para garantir a inclusão dessas pessoas na prática, finalizo transcrevendo alguns trechos da entrevista de José Pacheco, mestre em Educação, cedida à revista Pátio N; 16 Junho/2008. Leia e compare com nossa realidade. Você perceberá que as únicas mudanças concretas foram em algumas nomenclaturas.

"Não se trata de encaixar um "deficiente" (eu não utilizo essa denominação, mas é assim que os tratam) em dada turma para produzir caricaturas de inclusão. A "diferença" é normal, não é deficiente. A sociedade é formada por identidades plurais, particulares, especificidades.

Anormal é pautar o trabalho escolar pela igualdade. Para que se concretize a inclusão, é indispensável a alteração do modo como muitas escolas estão organizadas. Para que a escola passe a ser mais do que um enfeite de teses. Eu sei que é possível concretizar a suposta utopia de uma escola que dê garantias de acesso e de sucesso a todos... "na prática".

Felizmente, para os "desiguais", nem todas as escolas são "iguais". Eu acredito no potencial dos professores que ousam interrogar as práticas homogêneas e reelaborar sua cultura pessoal e profissional."

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